Protozooses: Doenças causadas por Protozoários
- Terceiro Cientista
- 30 de mar. de 2020
- 8 min de leitura
Doença de Chagas
- Definição:
Essa doença é causada por protozoários do gênero Trypanosoma que estão divididos em dois grupos: O primeiro, chamado de Stercoraria, inclui tripanosomas que se desenvolvem no tubo digestivo do vetor, progredindo no sentido da porção intestinal com liberação de formas infectantes pelas fezes. O segundo, chamado de Salivaria, inclui tripanosomas que se desenvolvem inicialmente no tubo digestivo e que posteriormente atravessam o epitélio digestivo e atingem as glândulas salivares onde podemos encontrar as formas infectantes que são inoculadas mecanicamente. O protozoário que causa a doença de Chagas é o Trypanosoma cruzi, pertencente ao grupo Stercoraria.
Existem mais de 300 espécies do inseto que pode transmitir a doença. Dentre elas podemos destacar oTriatoma infestans, Rhodnius prolixus e Panstrongylus megistus. Porém, os Triatomíneos, conhecidos popularmente como “barbeiros”, são vetores da doença e duas espécies, dentre uma centena, foram predominantemente responsáveis pela transmissão intradomiciliar em humanos: Triatoma infestanse e Rhodnius prolixus, na América do Sul e na América Central/México, respectivamente. Estas condições de transmissão estão presentes da latitude 42°N até latitude 40°S, o que significa que a doença de Chagas ocorre desde o sul dos Estados Unidos da América até o sul da Argentina.
- Trasmissão:
Esse inseto possui hábitos noturnos, e a noite sai do seu esconderijo para procurar alimento. É nessa hora que ocorre a transmissão da doença. Após chupar o sangue da vítima, o inseto defeca na pele, eliminando os protozoários. Quando o indivíduo coça o local ou se houver alguma ferida, os protozoários penetram na pele e caem na corrente sanguínea. Pode ocorrer também a transmissão através do sangue contaminado e durante a gravidez, onde a mãe passa o protozoário para o filho.
Em 2006, o Brasil recebeu o certificado internacional de interrupção da transmissão da doença. Isso se deu graças a ações sistematizadas e bem-sucedidas de controle químico instituídas a partir de 1975, época em que a área endêmica da Doença de Chagas cobria 18 estados nacionais e mais de 2.200 municípios. Hoje, a transmissão da doença não se dá mais por meio do contato direto do parasita, mas principalmente pelo contato indireto – por meio da ingestão de alimentos contaminados com fezes do parasita ou com o inseto que contenha este parasita, por exemplo.
- Sintomas:
Entre os sintomas dessa doença, estão: febre, mal-estar, inchaço de um olho, inchaço e vermelhidão no local da picada do inseto, fadiga, irritação sobre a pele, dores no corpo, dor de cabeça, surgimento de nódulos, aumento de tamanho do fígado e do baço e náusea, diarreia ou vômito.
- Tratamento:
O tratamento para a doença de Chagas se concentra no uso de medicamentos que matam o parasita e no controle dos sintomas. O preventivo para essa doença consiste, principalmente, no uso de repelentes de insetos.
Amebíase
- Definição:
Essa doença é causada por protozoários do gênero Entamoeba que pertencem ao grupo dos Ameboides. Os ameboides têm como características: Locomoção através de pseudópodes (movimento ameboide), a partir desses também é feita a captura de alimento, não possuem formato definido, podem ser de vida livre ou parasitas, são compostos por: núcleo, vacúolo contrátil, vacúolo alimentar, endoplasma, ectoplasma e pseudópodes, para gerar novos organismos se dividem em duas, gerando dois organismos geneticamente iguais, tamanho de 0,2mm a 0,5mm.
- Transmissão:
A amebíase é transmitida ao homem através da ingestão de água ou alimentos contaminados com cistos ou, também, por relação sexual desprotegida.
A transmissão começa quando os cistos são ingeridos, esses se alocam no intestino e, lá, se abrem e liberam os trozófitos, é interessante notar que a espécie consegue sobreviver ao baixíssimo ph do estômago devido à presença da parede cística. Os trozófitos se multiplicam e provocam úlceras no intestino, esses também podem se tornar cistos e ser excretados nas fezes, podendo contaminar mais pessoas. A amebíase pode ser também extra-intestinal, quando os trozófitos conseguem chegar na corrente sanguínea e infectar outros órgãos como fígado, pulmão e rins.
- Sintomas:
Na maior parte dos casos a amebíase é assintomática, porém ela pode ter também sintomas fracos ou graves. Quando é leve, pode ter sintomas como: Cólicas abdmonais, fezes com muco e sangue, fadiga, gases em excesso, perda de peso involuntária. Quando é grave: sensibilidade abdominal, fezes líquidas e com sangue, febre, vômito.
Como métodos de profilaxia, podem ser citados: lavar bem as mãos após usar o banheiro e antes de comer, lavar bem os alimentos antes de comê-los, beber somente água engarrafada, evitar alimentos não-pasteurizados e saneamento básico.
A transmissão da amebíase pode se dar por diversas maneiras, é possível contraí-la a partir do contato com fezes contaminadas, ingestão de água ou alimento contaminados com cistos e, também, por relação sexual desprotegida.
Leishmaniose
- Definição:
Essa doença é causada por protozoários do gênero Leishmania da família Trypanosomatidae. Os parasitas vivem e se multiplicam no interior das células que fazem parte do sistema de defesa do indivíduo, chamadas macrófagos.
Há dois tipos de leishmaniose: a cutânea ou tegumentar e a visceral ou calazar. A leishmaniose tegumentar caracteriza-se por feridas na pele que se localizam com maior frequência nas partes descobertas do corpo. Tardiamente, podem surgir feridas nas mucosas do nariz, da boca e da garganta. Essa forma de leishmaniose é conhecida como “ferida brava”. A leishmaniose visceral é uma doença sistêmica, pois, acomete vários órgãos internos, principalmente o fígado, o baço e a medula óssea. Esse tipo de leishmaniose acomete essencialmente crianças de até dez anos; após esta idade se torna menos frequente. É uma doença de evolução longa, podendo durar alguns meses ou até ultrapassar o período de um ano.
- Transmissão:
A leishmaniose é transmitida por insetos hematófagos (que se alimentam de sangue) conhecidos como flebótomos ou flebotomíneos. Os flebótomos medem de 2 a 3 milímetros de comprimento e devido ao seu pequeno tamanho são capazes de atravessar as malhas dos mosquiteiros e telas. Apresentam cor amarelada ou acinzentada e suas asas permanecem abertas quando estão em repouso. Seus nomes variam de acordo com a localidade; os mais comuns são: mosquito palha, tatuquira, birigüi, cangalinha, asa branca, asa dura e palhinha. O mosquito palha ou asa branca é mais encontrado em lugares úmidos, escuros, onde existem muitas plantas. As fontes de infecção das leishmanioses são, principalmente, os animais silvestres e os insetos flebotomíneos que abrigam o parasita em seu tubo digestivo, porém, o hospedeiro também pode ser o cão doméstico.
As formas promastigotas do parasita são transmitidas para o hospedeiro mamífero após a picada de um vetor flebotomíneo infectado. Uma vez no hospedeiro vertebrado, os parasitas podem ser fagocitados por células do sistema fagocítico-mononuclear e transformarem-se em formas amastigotas, que se multiplicam e podem levar ao rompimento da célula infectada e posterior disseminação, infectando outras células. O vetor é infectado ao realizar o repasto sanguíneo neste hospedeiro e ingerir alíquota de sangue contendo células parasitadas, que poderão liberar os parasitas e os mesmos se multiplicar no trato alimentar do vetor.
- Sintomas:
- Leishmaniose visceral: Febre irregular, prolongada; anemia; indisposição; palidez da pele e ou das mucosas; falta de apetite; perda de peso; inchaço do abdômen devido ao aumento do fígado e do baço.
- Leishmaniose cutânea: Duas a três semanas após a picada pelo flebótomo aparece uma pequena pápula (elevação da pele) avermelhada que vai aumentando de tamanho até formar uma ferida recoberta por crosta ou secreção purulenta. A doença também pode se manifestar como lesões inflamatórias nas mucosas do nariz ou da boca.
- Prevenções:
- Fazer dedetização, quando indicada pelas autoridades de saúde. - Evitar banhos de rio ou de igarapé, localizado perto da mata. - Utilizar repelentes na pele, quando estiver em matas de áreas onde há a doença. - Usar mosquiteiros para dormir. - Usar telas protetoras em janelas e portas. - Eliminar cães com diagnóstico positivo para leishmaniose visceral, para evitar o aparecimento de casos humanos.
- Diagnóstico:
Feito pelo encontro de formas amastigotas do parasito, em material biológico obtido preferencialmente da medula óssea – por ser um procedimento mais seguro. Examinar o material aspirado de acordo com esta sequência: exame direto, isolamento em meio de cultura (in vitro), isolamento em animais suscetíveis (in vivo), bem como novos métodos de diagnóstico. Outras amostras biológicas podem ser utilizadas tais como o linfonodo ou baço. Este último deve ser realizado em ambiente hospitalar e em condições cirúrgicas.
- Tratamento:
Apesar de grave, a Leishmaniose tem tratamento para os humanos. Ele é gratuito e está disponível na rede de serviços do Sistema Único de Saúde (SUS). Os medicamentos utilizados atualmente para tratar a Leishmaniose não eliminam por completo o parasito nas pessoas e nos cães. No entanto, no Brasil o homem não tem importância como reservatório, ao contrário do cão - que é o principal reservatório do parasito em área urbana. Nos cães, o tratamento pode até resultar no desaparecimento dos sinais clínicos, porém eles continuam como fontes de infecção para o vetor, e, portanto um risco para saúde da população humana e canina. Neste caso, eutanásia é recomendada como uma das formas de controle da Leishmaniose Visceral, mas deve ser realizada de forma integrada às demais ações recomendadas pelo Ministério da Saúde.
Malária
Essa doença é causada por protozoários do gênero Plasmodium que pertencem ao grupo dos Apicomplexos. Os apicomplexos tem como características: -Todos os apicomplexos são endoparasitas (do grego endon – interno), ou seja, vivem à custa de outros animais, dentro de seus corpos ou de suas células. -Os protozoários apicomplexos não apresentam estruturas de locomoção. Por outro lado, apresentam uma estrutura em seu ápice que auxilia a sua entrada na célula hospedeira, chamada “complexo apical”, de onde vem o nome do grupo. - Esses organismos movimentam-se quando são arrastados pelo fluxo de líquidos no ambiente em que vivem. - A alimentação ocorre através da absorção ou pinocitose (via transporte ativo através da membrana plasmática). - Nos ciclos de vida dos esporozoários aparecem, no interior dos esporos, os esporozoítos. - Não possuem vacúolos contrácteis. Esses organismos são chamados assim porque os estágios móveis, infecciosos portam um complexo apical anterior que se prende ou que penetra no interior da célula hospedeira. Este complexo apical é bem desenvolvido porque consiste em um conóide anterior, em um ou dois anéis polares, em duas ou vinte estruturas glandulares na forma de garrafas (roptrias), além de numerosos túbulos derivados da membrana do Complexo de Golgi (micronemas). O conóide está aberto em ambas as extremidades e também é envolvido pelos anéis polares que se conectam com microtúbulos subpeliculares. Os micronemas possuem enzimas que são utilizadas para penetrar na célula hospedeira, porém as funções dos outros componentes celulares ainda não estão bem claras para a ciência. Na figura abaixo temos a vista lateral de um esporozoário representante dos apicomplexos, dando ênfase a suas estruturas corporais.
A malária é transmitida ao homem através da picada de fêmeas infectadas do mosquito Anopheles, que são hematófagas.
No Brasil, podemos considerar cinco espécies importantes do ponto de vista epidemiológico. São elas: Anopheles (Nyssorhynchus) darlingi, Anopheles (Nys.) albitarsis lato senso, Anopheles (Nys.) aquasalis, Anopheles (Kertezsia) cruzii, Anopheles (Ker.) bellator. E produzem quais formas da doença? São o agente transmissor da malária e, em alguns casos, da filariose.
Enquanto suga o sangue a fêmea Anopheles, injeta nos nossos vasos sanguíneos sua saliva anticoagulante. Nessa secreção anticoagulante está a forma infestante chamada de esporozoítos. Os esporosítos são levados pela corrente sanguínea até o fígado e penetram nas células hepáticas onde se multiplicam assexuadamente gerando entre 6 e 16 dias depois, de 2 mil a 40 mil novos protozoários agora chamados de merozoítos.
Os merozoítos penetram nas hemácias (glóbulos vermelhos do sangue) onde podem produzir entre 8 e 24 novos merozoítos. As hemácias infectadas se rompem liberando na corrente sanguínea novos merozoítos, que infectam hemácias sadias repetindo o ciclo, ao liberarem os merozítos liberam também substâncias tóxicas que causam febre de 39ºC a 40º C e calafrios.
A transmissão da Malária de pessoa para pessoa também pode se dar por meio de transfusão de sangue contaminado com merozoítos e compartilhamento de seringas e agulhas infectadas. No Brasil, o parasita mais comum é o Plasmodium vivax, que se espalha mais lentamente pelo corpo e dificilmente provoca a malária cerebral.
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