Artrópodes

Os filo dos artrópodes é um superfilo do reino animal, são facilmente reconhecidos por algumas características essenciais que os diferenciam de outros filos, como por exemplo, suas patas e antenas articuladas, que dão o nome ao filo: do grego arthros: articulação e podos:pés, possuem um exoesqueleto resistente cobrindo seu corpo e, também, seu corpo dividido em segmentos.

Os apêndices articulados garantem aos artrópodes algumas habilidades como, locomoção, recepção sensorial e também ataque e defesa. Entre outras características dos artrópodes temos que eles são triblásticos, ou seja apresentam 3 folhetos embrionários, ectoderme, mesoderme e endoderme, cada um gerando tecidos e partes específicas do organismo. Possuem simetria bilateral e são animais de pequeno porte, devido, entre outros motivos, ao peso de seu exoesqueleto que, se fosse muito maior, dificultaria a locomoção do animal. São animais com celoma do tipo esquizoceloma e, também, possuem músculos em formato de feixes, que são localizados nos apódemas, cavidades internas do exoesqueleto.

Tagmatização, artropodização ou tagmose

Os ancestrais dos artrópodes, assim como nos anelídeos, possuiam a característica de serem segementados em metâmeros, porém, nos artrópodes, ocorre algo diferente. Durante o estágio de larva, é possível notar a existência desses segmentos no corpo do animal, porém, ao metamorfosear, na fase adulta, eles fundem metâmeros e formam os tagmas, ou seja um grupo de segmentos especializado em alguma função. Dentro dos diversos grupos de artrópodes, existem diversos estágios finais da tagmose, por exemplo, o adulto pode possuir cabeça, tórax e abdomen, mas também, há espécies que unem o tórax à cabeça e formam o cefalotórax, possuindo,a assim, apenas dois tagmas.

Exoesqueleto

Como já dito, o exoesqueleto é uma característica notável dos artrópodes e possui diversas funções. Além de servir para estruturação do corpo e fixação dos músculos, o exoesqueleto também ajuda a proteger de infeccções microbianas e da desidratação. Porém, devido ao crescimento do animal, não é possível ter um exoesqueleto que seja rígido e ao mesmo tempo consiga acompanhar esse crescimento, por isso, ele é trocado de tempo em tempo. O processo nao é perceptível a quem o observa pois tudo ocorre por dentro da cutícula antiga, que após ser aberta e o artrópode sair dela, é chamada de exúvia, após a saída do animal de dentro da cutícula antiga, ele possui uma nova cutícula composta de quitina e proteínas e ela passa pelo processo de esclerotização, ou tanagem, onde a cutícula se torna mais rígida e passa a ter a cor marrom, característica desse exoesqueleto. O processo de mudança de cutícula é chamado de ecdise, que também permite a regeneração de tecidos e de partes danificadas.

Todo o processo de ecidse pode demorar dias ou até semanas e é chamado de muda, e o período que o sucede é chamado de intermuda e dura mais tempo que o de muda. No início do processo, começa a se acumular um líquido, chamado líquido exuvial, entre a epiderme e a cutícula antiga; após isso, se formam as novas epi e exocutículas, duas camadas mais exteriores do exoesqueleto e por fim, é formado a endocutícula, após isso, ocorre a abertura da cutícula antiga e começa o período de intermuda.

O exoesqueleto possui muitas funções, dentre elas, as mais importantes são de sustentação, suporte para os músculos, proteção contra predadores e desidratação, revestimento e comunicação com outros animais, por meio da cor do exoesqueleto.

Classes/Grupos

De acordo com evidências morfológicas e moleculares, os artrópodes podem ser divididos em três linhagens diferentes: quelicerados, miriápodes e pancrustáceos. No grupo dos quelicerados, destacam-se os aracnídeos, que formam a maior parte dos quelicerados modernos. Nos miriápodes, temos os quilópodes e diplópodes. Por fim, no grupo dos pancrustáceos, temos os insetos e os crustáceos. Apresentaremos a seguir as características dos seguintes grupos: aracnídeos, insetos, crustáceos, quilópodes e diplópodes.

Dessa maneira, o filo dos artrópodes pode ser dividido em cinco classes diferentes que são classificados de acordo com a divisão do corpo e o número de apêndices apresentados (exemplo: número de antenas, patas etc.). Segue abaixo tabela da classificação do filo segundo esses critérios:

- Aracnídeos

Os aracnídeos possuem quatro pares de patas locomotoras, um par de quelíceras e um par de pedipalpos. As quelíceras, característica que nomeia o grupo dos quelicerados, funcionam como pinças ou garras. Nas aranhas as quelíceras apresentam glândulas de veneno, que ajudam o animal a capturar suas presas. Os pedipalpos, por sua vez, ajudam o animal na alimentação, defesa e reprodução, por exemplo. Esse grupo não possui antenas nem mandíbulas, e seu corpo é dividido em cefalotórax e abdome. São representantes do grupo: as aranhas, os escorpiões, os carrapatos e os ácaros.

O abdome não contém apêndices, embora nos escorpiões exista um par de apêndices sensoriais denominado pente, localizado logo no início do pré-abdômen. Verificam-se, na região posterior e ventral do abdome das aranhas, as fiandeiras, estruturas associadas a glândulas de seda, que produzem os fios de seda com os quais elas tecem as teias. Ao contrário dos insetos e crustáceos, que possuem olhos compostos, os aracnídeos possuem apenas olhos simples. Os aracnídeos são artrópodes terrestres, embora exista um grupo de ácaros adaptados ao ambiente de água doce e marinho: o grupo dos Hydracarina, com 2800 espécies. A maioria dos aracnídeos é predadora, mas no grupo dos ácaros ocorrem espécies parasitas de planta e de animais. É o caso do ácaro causador da sarna (Sarcoptes scabiei), do ácaro dos folículos pilosos e glândulas sebáceas do homem, popularmente chamado de cravo (Demodex foliculorum), e dos carrapatos, como é o caso do gênero Dermacentor.

- Insetos

Insetos possuem corpo dividido em cabeça, tórax e abdome, três pares de patas, um par de antenas e, muitas espécies, um ou dois pares de asas. Nesses animais, observam-se aparelhos bucais que variam entre as espécies e que estão adaptados ao tipo de alimentação, existindo, por exemplo, aparelhos mastigadores, lambedores e sugadores. É o grupo mais diversificado de artrópodes, sendo encontrados em vários lugares distintos, inclusive no ambiente aquático.

Eles apresentam grande importância ecológica e também econômica. As abelhas, por exemplo, são insetos relacionados com a polinização, além de fornecerem importantes produtos, como o mel. Não podemos nos esquecer ainda de que existem insetos vetores de doenças, como é o caso do Aedes aegypti, que é responsável por transmitir a dengue, zika e chikungunya.

Os insetos possuem reprodução sexuada, geralmente, com indivíduos de sexos separados. A fecundação é interna na maioria dos casos. No que diz respeito ao desenvolvimento embrionário, existem espécies que não apresentam metamorfose e aquelas que sofrem transformações (metamorfoses) durante seu desenvolvimento. A metamorfose em insetos pode ser incompleta ou completa. Na metamorfose incompleta, o jovem (ninfa) apresenta características semelhantes às do adulto. Já na metamorfose completa, o estágio larval é bastante diferente da forma de um indivíduo adulto. A metamorfose incompleta pode ser observada em gafanhotos, enquanto a completa pode ser observada em borboletas.

- Crustáceos

Os crustáceos apresentam corpo dividido em cefalotórax e abdome e possuem apêndices altamente especializados. Nesses animais é possível observar dois pares de antenas, que são os apêndices mais anteriores. Possuem três ou mais pares de apêndices modificados como peças bucais. No que diz respeito às patas locomotoras, seu número é variável. O exoesqueleto é enriquecido com carbonato de cálcio, formando uma carapaça. Na cabeça, estão presentes, além dos dois pares de antenas, dois olhos compostos, geralmente pedunculados, e, ao redor da boca, um par de mandíbulas e outros apêndices acessórios na obtenção do alimento. Como exemplos de crustáceos, podemos citar caranguejos, camarões, lagostas, lagostins e cracas.

- Quilópodes

Quilópode é uma palavra de origem grega que significa "aquela que tem mil patas" (quilo significa "mil", e podos "patas"). Esse grupo é representado pela lacraia e pela centopeia. O corpo dos quilópodes é formado por uma cabeça e muitos segmentos no tronco. Em cada um desses segmentos, existe um par de pernas. Esses animais têm um par de antenas longas na cabeça.

Esses seres terrestres vivem na sombra, em regiões quentes e em locais bastante úmidos. São ovíparos, carnívoros e predadores. Eles possuem veneno, que é inoculo no inimigo ou na presa. O veneno das lacraias não costuma ser mortal para o ser humano, mas causam muita dor.

- Dilópodes

Diplópodes ou milípedes são animais terrestres que possuem corpo alongado e um par de antenas. Alguns autores consideram o corpo desse animal dividido em cabeça e tronco, enquanto outros consideram a divisão cabeça, tórax e abdome. Seu tronco é formado por dois segmentos fundidos, o que faz com que tenham dois pares de patas por segmento. Esses animais alimentam-se de vegetais.

Os diplópodes gostam de lugares escuros e terra úmida. Vivem embaixo de pedras e folhas mortas ou dentro de troncos de árvores apodrecidos. Assim como os quilópodes, eles procuram sombra e umidade. Quando atacados, enrolam-se e liberam uma secreção que afugenta os inimigos. Os diplópodes são ovíparos, isto é, põem ovos. Um representante desse grupo é o piolho-de-cobra, conhecido também como embuá ou gongolo.

Sistema circulatório:

O sistema circulatório dos artrópodes é do tipo aberto. O sangue circula sob baixa pressão, lentamente, passando por cavidades denominadas hemoceles. Difere dos vertebrados por possuírem um sangue de baixa celularidade, chamado de hemolinfa. Nos artrópodes onde a distribuição de gases provenientes da respiração se dá pela circulação, o sangue contém o pigmento respiratório conhecido como hemocianina (semelhante à hemoglobina dos vertebrados e anelídeos). Os insetos, quilópodes e diplópodes não possuem esse pigmento, pois a chegada do oxigênio se dá por meio do sistema de traquéias.

Sistema nervoso:

O sistema nervoso dos artrópodes é do tipo ganglionar, apresentando uma dupla cadeia ventral de gânglios, e órgãos dos sentidos muito especializados situados na cabeça (olhos, órgãos auditivos e antenas). Essa maior concentração na cabeça das estruturas nervosas é conhecida como cefalização. A presença de gânglios nervosos nos segmentos confere a estes animais relativa autonomia, sendo que um artrópode pode realizar algumas atividades, como andar, mesmo após ser decaptado. Possuem estruturas sensoriais diversificadas, como sensores químicos, reconhecendo a presença de alimentos ou de inimigos naturais, além de receptores de paladar, sensores posturais, receptores auditivos, luminosos, entre outros.

Sistema excretor:

Nos artrópodes a excreção é feita, na maioria deles, por meio de tubos de Malpighi, que são estruturas pouco mais evoluídas do que as nefrídias de uma minhoca, pois não lançam resíduos metabólicos na superfície corporal externa, mas sim no interior do intestino. Dependendo do habitat de cada artrópode, esse pode eliminar amônia (crustáceos), ácido úrico (insetos diplópodos e quilópodos) ou guanina (aracnídeos). Os meios de excreção mais adequados para o ambiente terrestres são o ácido úrico e a guanina, pois são pouco tóxicos, exigindo pouca diluição.

Sistema digestor:

O sistema digestório é completo (boca e ânus), com peças bucais (mandíbulas, quelíceras, entre outras) adaptadas à alimentação, tubo digestório com regiões diferenciadas e glândulas acessórias. A digestão é extracelular;

Exercícios Artrópodes:

1) A tirinha pode ser explicada pela ideia de desenvolvimento indireto que alguns artrópodes possuem. A borboleta fala que tem nojo de minhoca, porém, o próprio animal, anteriormente, já tinha sido uma larva.

2) resposta letra B

3) resposta letra B

4) resposta letra E

5. (FUVEST)

a) Dê duas características comuns aos crustáceos, insetos e aracnídeos.

b) Dê uma característica própria de cada um desses grupos.

a) Para responder a essa pergunta basta pensar nas características básicas de todos os artrópodes. Todos esses três grupos possuem um exoesqueleto quitinoso, apêndices articulados e órgãos sensoriais desenvolvidos.

b) Os aracnídeos não possuem antenas, fato que os diferencia de praticamente todos os outros grupos do filo. O corpo dos insetos é dividido em cabeça, tórax e abdômen. Os crustáceos apresentam dois pares de antenas.

6. (UNESP) Insetos e crustáceos pertencem ao filo Arthropoda. Descreva três características que os diferenciam.

O corpo dos insetos é dividido em cabeça, tórax e abdômen enquanto que o corpo dos crustáceos é dividido em cefalotórax e abdômen. Insetos possuem um par de antes enquanto os crustáceos apresentam dois pares. E, por ultimo, insetos apresentam 3 pares de patas e crustáceos apresentam um número variado de patas.

7. (UNESP) - O camarão e a abelha são animais pertencentes ao mesmo filo, embora separados em classes distintas. Cite:

a) duas características que permitam agrupá-los no mesmo filo;·.

Ambos possuem o corpo segmentado e apêndices articulados, além de possuírem um exoesqueleto de quitina.

b) duas características que os separam em classes distintas.

O camarão é um crustáceo e uma de suas principais características é a divisão do corpo em cefalotórax e abdômen, além da presença de dois pares de antenas. As abelhas são insetos e, diferente dos crustáceos, seu corpo é dividido em cabeça, tórax e abdômen, além de possuírem um par de antenas.

8. (FUVEST) Os animais que conversam na tira abaixo pertencem ao filo dos artrópodes. Apesar de carica¬turas, é possível perceber três características externas que os distinguem de qualquer inseto.

a) A que classe pertencem os animais citados?

b) Quais as três características de sua morfologia externa que os distinguem dos insetos?

a) Pertencem à classe dos Aracnídeos.·.

b) As três características morfológicas observadas que os distinguem dos insetos são: corpo dividido em duas partes (cefalotórax e abdômen), presença de quatro pares de patas articuladas (octópodes) e ausência de antenas (áceros).